A Polícia Federal busca acesso ao inquérito do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) que investiga mortes relacionadas ao estudo com o medicamento proxalutamida em pacientes com Covid-19 em Manaus, no ano de 2021. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) denunciou que 200 pessoas que participaram do estudo no Amazonas faleceram.
O ensaio clínico foi conduzido em hospitais particulares de Manaus, liderado pelo endocrinologista Flávio Cadegiani. A Conep relatou um alto índice de Eventos Adversos Graves (EAG), grau 5, com desfecho de óbitos, constatados em uma extensa lista de eventos.
A Conep denunciou o caso à Procuradoria-Geral da República em setembro de 2021, revelando uma série de irregularidades no estudo e descumprimento do protocolo de pesquisa aprovado pelo órgão em janeiro daquele ano.
O pesquisador ampliou o número de voluntários para 588, entregando um parecer com resultados de 645 pessoas, 351 a mais do que o autorizado. O perfil dos voluntários mortos não correspondia ao perfil clínico esperado para a pesquisa, pois a proxalutamida deveria ser administrada em pacientes leves e moderados, mas os óbitos foram atribuídos a insuficiência renal ou hepática, indicando pacientes mais graves.
A Unesco considerou a denúncia uma violação aos direitos humanos e uma das infrações éticas mais graves da América Latina. A Rede Latino-Americana e Caribenha de Bioética também condenou a mudança no protocolo, classificando-a como ética e legalmente repreensível.
