domingo, 3 de novembro de 2019

Delegado diz que Bolsonaro está tentando intimidar investigadores

A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol Brasil) e outras entidades da categoria repudiaram neste domingo, em nota, as declarações do presidente Jair Bolsonaro em relação à investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Eles acusam Bolsonaro de tentar intimidar a Polícia Civil do Rio, "com o intuito de inibir a imparcial apuração da verdade", ao insinuar em vídeo e entrevistas a adulteração de provas e referir-se ao delegado que comanda o inquérito como "amiguinho" do governador Wilson Witzel (PSC-RJ).

A Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Amperj) também convocou para segunda-feira um ato em defesa da atuação das promotoras do caso Marielle. A promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho se afastou das investigações após divulgação de fotos em que ela aparece demonstrando apoio a Bolsonaro.

"As críticas e comentários à atuação do Ministério Público fazem parte do ambiente democrático que deve nortear as pautas públicas sobre os assuntos de interesse da sociedade. No entanto, comentários desrespeitosos e ofensivos, de cidadãos ou autoridades, buscando pura e simplesmente, à falta de outros argumentos e para desviar o foco da discussão, menosprezar a atuação do Ministério Público ou de qualquer dos seus membros, comprometem o salutar debate sobre os melhores caminhos para se alcançar o interesse público e a aplicação da lei penal", diz Amperj.

A nota de entidades ligadas à Polícia civil também reafirma o apoio ao delegado responsável pela investigação.

"Valendo-se do cargo de Presidente da República e de instituições da União, (o presidente) claramente ataca e tenta intimidar o Delegado de Polícia do Rio de Janeiro, com intuito de inibir a imparcial apuração da verdade. O cargo de Chefe do Poder Executivo Federal não lhe permite cometer atentados à honra de pessoas, muito menos daquelas que, no exercício de seu múnus público, desempenham suas funções no interesse da sociedade e, não, de qualquer governo", diz a nota conjunta.